quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Como avaliar uma comédia?


Passei o último mês conferindo algumas das estreias que rolaram nos cinemas da região, girando principalmente em torno das comédias, que sempre conseguem me chamar a atenção. Entre Linda de Morrer, Férias Frustradas e Um Senhor Estagiário, tirei algumas boas conclusões sobre o que mais procuro nas comédias contemporâneas. Convido vocês a um bate-papo sobre a arte do riso entre alguns comentários e apontamentos interessantes! Vamos nessa?


Não é difícil fazer graça. A dificuldade real está em, realmente, ser engraçado. Todos temos pelo menos duas piadas prontas na ponta da língua sobre maior parte dos assuntos vivenciados no cotidiano. A abordagem delas é o real desafio: fazer com que alguém ache graça no que é dito é a real armadilha, pois nem tudo que é feito para ser engraçado acaba, de fato, desencadeando aquela boa crise de gargalhadas. A linha tênue que existe entre o cômico e o exagerado é perversa, sendo capaz de colocar roteiros criativos entre a seleção dos "descartáveis".


Quais os critérios levamos em conta para achar um filme divertido? Citando os mais básicos, posso começar com naturalidade. Não que o fantasioso seja medíocre, mas sim que, ao fazer um filme de comédia, considero necessário pensar em como tornar um determinado contexto em algo comum. Se não soar normal, uma comédia regular vira escárnio, tendo grandes chances de ser criticada pelo exagero e pecar nos excessos. Trazer uma situação maluca à realidade pode ser desafiador, e por isso é extremamente necessário olhar para o filme com muita firmeza na hora de desenrolar uma nova história. Qualquer aventura (por mais surreal que possa parecer) pode se tornar convencional e legível, contato que saiba convencer o espectador de sua normalidade. 

Também temos o senso de ridículo. Ok, este até pode ser quebrado, mas também segue alguns padrões de regularidade. Mesmo entre um cenário completamente bizarro ou em uma cena inacreditável é necessário saber como aplicar as piadas e direcionar uma abordagem que consiga se encaixar no engraçado, escapando do rótulo de "bobeira" ou "idiotice". Filmes non-sense tendem a ser grandes peças para o besteirol, mas nas comédias em geral, o senso de ridículo é uma forma coerente de explorar a criatividade sem acabar tornando seu filme em algo infantil. 


Para mim, no final das contas, a principal regra da boa comédia é a ideia de cotidiano. A grande sacada está em fazer que um momento casual, como cortar a grama ou passar um dia cheio no trabalho, se torne algo incrível - esta é a grande ferramenta para se direcionar uma boa comédia. Todos gostamos de identificar situações parecidas com as nossas vidas nas telonas, principalmente no mundo do humor. Por isso, uma pitada de familiaridade com o assunto que está sendo apresentado pode ser a grande chave para garantir um alto apreço sobre uma comédia.

Simplicidade, casualidade, criatividade e bons diálogos, além de personagens autênticos, também são sintomas comuns entre as boas comédias. Um exemplo desse belo combinado pode ser visto em Um Senhor Estagiário, o filme de que mais gostei entre os três citados ao início desta postagem. Reunindo atores como Anne Hathaway, Robert De Niro, Rene Russo e Adam DeVine em uma ótima história, não teria como dar errado. O filme conta como Ben, um senhor de 70 anos, acaba se tornando estagiário de Jules, uma CEO atrapalhada que coordena uma empresa que ela mesma projetou, ligada ao mundo da moda e do e-commerce. Além de elevar amplos contrastes tanto na vida dos personagens quanto em suas relações (pessoais ou profissionais), o longa dirigido por Nancy Meyers, a mente por trás de grandes comédias românticas como O Amor Não Tira Férias, Alguém Tem Que Ceder e o clássico Operação Cupido, tem muito conteúdo e é extremamente relevante para a reflexão sobre diferentes assuntos (claro, de forma sutil e cômica). De Niro está imperdível - é só conferir o trailer para ter uma noção do nível!


Sempre há o filme que foge às regras. Podemos considerar Férias Frustradas como nossa principal exceção aos padrões! Longe de ser um remake do famoso longa homônimo de 1983, este filme conta com piadas de baixo calão, cenas de revirar o estômago e muita coisa fora do normal. Ao notar a Christina Applegate no elenco, já sabia que tinha algo bom vindo por aí, principalmente ao reparar logo em seguida que esta seria acompanhada por Ed Helms como protagonistas. Com certeza você lembra do Ed na saga Se Beber, Não Case - nosso querido Stu volta com maluquices ainda mais descaradas do que você possa imaginar! No filme, acompanhamos a maluca trajetória da família Griswold ao parque de diversões que marcou a infância de Russell - o Walley World. Entre eles, todos os tipos de desafios acabarão surgindo para conturbar a viagem... Será que eles finalmente vão conseguir chegar até lá? O longa é dirigido por Jonathan Goldstein e John Francis Daley - respectivamente o pai de Josh na famosa série Drake & Josh, que também já dirigiu episódios do seriado iCarly, e nosso querido Doutor Sweets, famoso pelo papel na série Bones. 


Por fim, a última recomendação é Linda de Morrer, uma comédia nacional protagonizada por Glória Pires. A história, altamente recomendada para quem está em busca de um filme leve e descontraído, aposta em diálogos improváveis e muitas surpresas. No filme, a Doutora Paula tenta descobrir após sua morte um problema gerado pelo remédio Milagra, a produção de sua vida, que é a primeira invenção do mundo capaz de curar a celulite. Com sucesso por todo lugar, ela desconfia que o medicamento possa ter efeitos colaterais terríveis, e é só com a ajuda do psicólogo Daniel (interpretado por Emílio Dantas) que a Doutora conseguirá impedir que aconteçam catástrofes terríveis ao redor das vendas descontroladas de seu produto. O elenco também conta com Antonia Morais, Ângelo Paes Leme e Priscila Marinho, além da inconfundível Suzana Vieira no papel de Mãe Lina, uma personagem que desperta nossa curiosidade durante todo o longa. A direção é de Cris D'Amato, que trabalhou em S.O.S. - Mulheres ao Mar e nas séries Pé na Cova e As Cariocas. Com um roteiro que ainda promove leves pitadas de reflexão sobre a vida entre pais e filhos, levantando a temática tão popular das mães que trabalham, vale a pena conferir e soltar boas risadas.



Boas atuações, diálogos interessantes, cenários malucos... O que faz você gostar de uma comédia? Comente abaixo quais são seus principais critérios para analisar e apreciar um filme de humor, considerando as obras mais recentes que têm sido vistas por aí. Os tempos podem ser outros, mas será que as risadas mudaram com o passar dos anos? Faça seus próprios critérios e acompanhe as novidades dos cinemas aqui, no Red Reviews! ;)

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